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Economistas na Prática – Debora Nayar Hoff

Qual sua formação e em que instituição você estudou? 
 
Graduada em Ciências Econômicas, Uniplac (1994); Mestre em Economia, UFSC, (2000); Doutora em Agronegócios, UFRGS (2008).
 
Quais os principais motivos que a levaram a estudar Economia? 
Fui adolescente durante a crise inflacionária da década de 1980 e reconhecia a miséria e a fome como consequência de uma economia que não era pensada para o povo. Tinha vontade de ajudar a mudar esta realidade, por isso escolhi economia.
 
Qual a sua área de atuação? O que você faz no dia-a-dia de seu trabalho? Se for pesquisadora, conte-nos sobre sua área de pesquisa. 
 
Sou professora no ensino superior há mais de 25 anos. Atualmente sou professora na Universidade Federal do Pampa. Trabalho com os cursos de Direito e de Economia, com componentes introdutórios da economia, mas também com desenvolvimento econômico e economia industrial. Sou pesquisadora com interesse em temas relacionados ao desenvolvimento sustentável e a relação das organizações com este processo. Transito também em temáticas relacionadas ao agronegócio e ao desenvolvimento regional. Não raro, minhas pesquisas transitam entre os pontos de conexão destes temas.
 
Você observa alguma diferenciação, por parte de outras pessoas, entre homens e mulheres que estudam Economia? E no seu ambiente de trabalho, há distinções entre os gêneros? 
 
Tenho a corte de trabalhar numa universidade, onde homens e mulheres recebem o mesmo salário quando tem a mesma formação e atuam na mesma função. Isso já é um ganho importante. Mas ainda restam preconceitos com as profissionais mulheres. O discurso feito por um homem ainda tem mais valor do que o feito por uma mulher, só pela questão de gênero, ainda mais em cidades do interior, como é o caso da cidade onde funciona o campus onde trabalho.
 
Você já sofreu algum tipo de preconceito por ser economista mulher? Conte-nos sobre esta experiência. 
 
Não por ser economista, mas por ser mulher. A história é até engraçada. Quando eu e o esposo fomos fechar negócio na compra de um apartamento aqui na cidade, fiquei responsável por ligar para o corretor pra fazer a proposta final. Liguei… informei ao corretor a proposta, agradeci e desliguei. Não demorou 5 minutos para o telefone do meu esposo tocar. Era o corretor. Ele queria confirmar a proposta porque “não estava acostumado a fechar negócios com uma mulher… precisava da confirmação do marido”. O esposo caiu na gargalhada e disse: quem vai pagar é ela… é com ela que você tem que fechar negócio. E desligou. Isso virou piada lá em casa, mas dá dimensão dos limites que as mulheres enfrentam num mundo ainda muito masculino.
 
Qual foi o caminho percorrido para você alcançar o seu emprego atual? 
 
Eu comecei a trabalhar aos 16 anos, ajudando na padaria de um amigo do pai, depois com carteira assinada numa loja de móveis. Aos 19 anos comecei a trabalhar numa unidade da Klabin. Foram 8 ano de muito aprendizado, em paralelo à graduação. Pois é, fiz quase toda a minha formação de ensino superior trabalhando. Só os dois últimos anos do doutorado é que fiz com bolsa e sem trabalhar. Logo ao final da graduação fui convidada para dar aula na Uniplac, como professora substituta. Durante 4 anos tive dois empregos, que viabilizaram o mestrado. Saí da Klabin em 1999 para trabalhar na gestão da Uniplac. Ali ficou marcada a carreira docente como uma vontade para o longo prazo. Foi em 2008 que surgiu a oportunidade do concurso público que me trouxe à Unipampa. Cheguei a trabalhar na Universidade Federal de Uberlândia entre 2010 e 2014, mas voltei, com a família, em 2014, por convite da Universidade.
 
O que você considera interessante falar para mulheres que pretendem estudar e/ou seguir na carreira de economista? 
 
Estude, estude muito. O conhecimento nos liberta de tantas formas que também nos liberta do preconceito, tanto nosso como o dos outros.

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