O Economistas na prática desta semana entrevistou a Simone Magalhães. Economista com mestrado em Administração Estratégica. Ela é pós-graduada em Perícia Criminal e Ciências Forenses e em Economia Empresarial, possui MBA em Finanças e Controladoria. Ela também é especialista em Inteligência e Investigação em Fontes Abertas e em Investigação Patrimonial.
Atualmente, Simone é proprietária e responsável técnica da Magalhães Assessoria e Perícias Ltda, atuando há 19 anos como perita judicial e extrajudicial.
Confira a entrevista completa abaixo.
Qual a sua área de atuação?
Sou proprietária e responsável técnica da Magalhães Assessoria e Perícias Ltda, atuando há 19 anos como perita judicial e extrajudicial. Meu foco de trabalho é a produção de provas para a fase inicial de uma ação judicial.
Também sou professora em diversos cursos de pós graduação nas áreas de Perícia Judicial e Extrajudicial , Compliance e Auditoria
E Ainda, sou professora da Escola de Educação Continuada para Peritos do Conselho Federal de Economia. Ex-Presidente do Conselho Regional de Economia do RS gestão 2016.
O que você faz no dia-a-dia de seu trabalho?
Meu dia a dia é bastante intenso. A grande maioria do meu trabalho provém de escritórios de advocacia, mas também atendo tribunais de justiça. Meu trabalho é focado em receber a demanda dos clientes, organizar e ler toda a documentação enviada e analisar de forma minuciosa o caso.
A partir de então, parto para a investigação de acordo com a demanda. Assim, uso ferramentas de buscas na web, em toda as camadas (de google a dark web), buscando assim o máximo de informações que ampare a tese de acusação ou de defesa do meu cliente. Também faço diligências nas empresas, cartórios, fóruns e demais locais que forem necessários para buscar a informação que preciso.
Após toda a investigação, o que demanda em torno de 70% do meu trabalho, eu compilo as informações em um Parecer Técnico extremamente bem fundamentado, acompanhado de todo o material proveniente da investigação feita e envio ao cliente.
Quais os principais motivos que lhe levaram a estudar Economia?
Economia não foi minha primeira opção. Fiz 1 ano de engenharia. Mas na época já trabalhava e meu diretor era economista e me falou da profissão e disse que eu tinha perfil para a área. Então fui fazer um teste vocacional na Unisinos e foi incrível que economia estava na ponta com engenharia. Então resolvi trocar para ver se realmente iria gostar. Quando fiz a disciplina de economia introdutória e macroeconomia, não tive dúvida que era a profissão que eu queria.
O olhar macroeconômico dá aos economistas um diferencial incrível, pois aprendemos a olhar todas as coisas de uma forma ampla e jamais estar na “caixinha”. Também a microeconomia me trouxe os conhecimentos da teoria dos jogos, uma ferramenta imprescindível para a área que atuo. Claro, não posso deixar de citar que a faculdade de economia é para os fortes, pois temos uma carga de estudo muito grande e precisamos aproveitar cada detalhe na nossa formação diária para alcançar sucesso profissional.
Vivências no mercado de trabalho
Eu comecei a trabalhar muito cedo, pois meu sonho era cursar uma faculdade e precisava ter condições para isso. A partir do meu terceiro trabalho, sempre trabalhei em áreas financeiras e planejamento de empresas de médio e grande porte. Desde 2002, trabalho na minha empresa.
Você observa alguma diferenciação, por parte de outras pessoas, entre homens e mulheres, que estudam Economia? E no seu ambiente de trabalho?
Na minha época de faculdade, os homens eram maioria. Hoje acho que está mais equilibrado. No meu escritório sempre dou preferência em chamar estudantes de economia, treinar e contratar. Também dou preferência para mulheres, pois são mais detalhistas e é tudo que preciso.
Você já sofreu algum tipo de preconceito por ser economista mulher?
Preconceito por ser mulher economista não. Quando fui presidente do Conselho de Economia do RS, fui eleita por uma banca de conselheiros 100% masculina.
O mais próximo de preconceito que posso ter sofrido foi quando morei em Minas Gerais, mas acredito que o fato não era de ser mulher e sim de ser de fora. Mas com o tempo, tiveram que me aceitar pela qualidade do trabalho que apresentei.
Qual foi o caminho percorrido para você alcançar o seu emprego atual?
Num momento difícil de crise econômica em 2002, fiz um curso de perícia no Corecon/RS e quando fui desligada resolvi entrar para a área. Em três meses já tinha uma carteira de clientes e nunca mais sai. Há uns 8 anos atrás, resolvi entrar para a área criminal e comecei a fazer excelentes trabalhos, inclusive um deles concorreu ao prêmio Assistente Técnico da Sociedade Brasileira de Ciências Forenses e ficou em 7º lugar, concorrendo com todos os tipos de crimes do país. Hoje meu foco é perícia investigativa.
O que você considera interessante falar para mulheres que pretendem estudar e/ou seguir na carreira de economista?
Como falei, sou uma militante da área. A faculdade de economia te prepara para um universo de possibilidades. As mulheres têm ainda mais vantagens por ter um perfil mais detalhista e conseguir ter vários olhares ao mesmo tempo. O lado ortodoxo da profissão fica com os homens e o lado criativo e inovador com as mulheres, então não tenho dúvida que nossa profissão deveria ser dominada pelas mulheres.
Se possui uma carreira acadêmica, seria interessante que fale sobre seu tema de pesquisa.
Hoje trabalho na minha pré-tese de doutorado. Estou estudando processos decisórios na área judicial e entender como as provas técnicas em fase de conhecimento contribuem no julgamento da lide.